Eu sou daquelas pessoas que leu os livros do George R.R. Martin
na transversal. Aproveitei umas tardes na Fnac e passei os olhos por todos os
volumes. Não me puxou tanto ler os livros como ver a série pois a verdade é que
o livro não está escrito como a série! A escrita de Martin é como direi…diferente,
compacta, por vezes até algo maçadora, coisa que os argumentistas da série
fizeram um bom trabalho a reescrever. Mas não é sobre a escrita dos livros que
quero falar mas sim da 2ª temporada série da Guerra dos Tronos. Foi prometida pelos
argumentistas para esta temporada uma tónica mais “pesada” algo “dark” devido à
guerra em Westeros mas, o que o público não estaria à espera é que isso também
se iria reflectir na fotografia/imagem/iluminação geral. É que esta temporada
está tão “dark” em termos imagéticos que parece que filmaram a série toda de
noite, até nas cenas passadas durante o dia parece que estamos numa masmorra
pouco iluminada! (Vejam o exemplo da Cersei quando é visitada no seu quarto,
durante o dia, por Tyrion). Os cenários deixaram de existir, assim como a
iluminação, para dar a lugar às velas, à escuridão e ao jogo das sombras. A
dificuldade em percebê-las é tal que nem com todas as luzes da sala desligadas
em casa, tal qual sala de cinema, conseguimos por vezes distinguir o que se
passa em volta. Dá-nos sempre a sensação que estamos com um problema qualquer nos
olhos, ou então é o “contraste” da TV que não está ajustado tal é a escuridão
em que tudo se passa.
Seja para lá da Muralha com a Patrulha da noite, nas
ilhas de Ferro, em Winterfell, em Kings Road ou até em Kings Landing, parece
que toda a acção passou a ser nocturna. Só as cenas de Daenerys Targaryen na
terra dos Dothraky é que ainda nos dão um vislumbre do dia, ainda que estes nos
apareçam em cenários áridos, despidos e algo esbatidos.
O facto de ter lido os livros na transversal deu para
entender o surgimento de novos personagens como Brienne, por exemplo, ou até
acontecimentos que levarão a mais mortes inesperadas, que não vou aqui dizer
para não estragar o suspense a ninguém. No entanto não esperei que a história
dos Stark fosse perder força tão cedo para dar lugar a outras personagens,
algumas bem menos interessantes que estão a espalhar-se na acção. Espero que a
perda de protagonismo dos Stark, que acompanhamos desde o início da primeira
temporada, não venha a desvirtuar totalmente o “core” da acção, para mim, a família dos lobos que seguimos desde o início. Ou seja, a propósito
do que escrevi sobre o Prison Break, espero que a sensação que venhamos a
experienciar depois desta temporada não seja a mesma que tivemos com as sequelas de Mike Scofield fora da prisão.
Quanto à realização estou deveras desiludida. Se
não tivesse começado a seguir a Guerra dos Tronos desde o início e apenas
apanhasse a 2ª temporada, não teria paciência para a seguir pois a imagem de
uma série também é a sua identidade, não nos podemos agarrar apenas à história,
para isso é que existem os livros!
CNL
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