Ontem decidi ver um filme do qual nunca ouvira falar! O que
não deixa de ser estranho o facto de ter-me passado ao lado, uma vez que o
realizador é Ron Howard, de quem eu sou fã! Para quem não estiver recordado foi
ele o responsável por filmes como “Cocoon”,
“Splash –a Sereia”,“Horizonte Longínquo”, “Apollo 13”, “ED TV”, “Uma mente
brilhante”, entre muitos outros oriundos de uma filmografia invejável. Mas o filme
sobre o qual me debruço é o magnífico “Frost/Nixon”, uma história verídica,
desconhecida para mim, que envolve David Frost, um apresentador de televisão britânico
que, após o caso Watergate, decide ser o primeiro entrevistador a Richard
Nixon, logo após este ter abandonado a Presidência em favor do General Ford.
Para mim o filme é de um interesse fora de série pois toca em pontos da área do
jornalismo televisivo ainda bastante actuais se o analisarmos à luz dos dias de
hoje. Por um lado está David Frost , o apresentador que enfrenta variadíssimos problemas
como a luta pela sua credibilização como entrevistador que nunca fez informação,
a aprovação das estações americanas em transmitir a polémica entrevista numa
altura em que a América está fragilizada pelo escândalo que envolveu a
presidência e, consequente, com o perdão de Ford a Nixon, a luta interna com a
equipa de investigação que prepara esta histórica entrevista de 12 dias e a procura
desenfreada de Frost por patrocinadores que sustentem a envergadura televisiva de
quase 2 milhões que se propôs a realizar. Do outro lado temos um Presidente controverso
que procura um regresso ao poder, com uma excelente capacidade de persuasão discursiva
que se apresenta como um estadista simpático e inteligente e que aceita o
desafio de Frost pela quantia que lhe é paga. Entre estes dois personagens que
buscam ambos novamente o protagonismo nas luzes da ribalta de uma América de
sonho, trava-se uma luta perante as câmaras de televisão entre um apresentador
que começa por ser totalmente abafado por Nixon, um perito em duelos políticos
que faz de Frost um joguete. A acção culmina com um twist no último dia de
entrevistas após uma indiscrição telefónica do Presidente a Frost, devido a uma
fraqueza que este tinha pela bebida. Um filme que mostra os meandros da
televisão e dos interesses económicos, conjugados com os interesses pelo poder
político e a força da opinião pública. Neste filme assistimos ao poder que o
chamado “plano apertado” em televisão já possuía em 1974 e que marcará para sempre
a imagem de Nixon nos anais da História.
De ressalvar as interpretações brilhantes dos actores Frank
Langella como Richard Nixon, Kevin Bacon como Jack Brennan e Michael Sheen como
David Frost. O elenco conta ainda com nomes bastante conhecidos do grande
público e o filme recebeu inúmeras nomeações nas categorias de melhor Filme,
melhor actor ou até melhor realizador, entre outros, em prémios como os Globos
de Ouro, o American´s Guild Awards ou mesmo os Óscares.
Para quem gosta do mundo da televisão é um filme a não
perder!
CNL
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