Eu até gosto de ver o Sexo e a Cidade. Quando a série começou há
uns anos atrás em Portugal, porque nos EUA começou muito antes, em 1998, não me
disse muito, confesso. Hoje em dia e passados quase sete ou oito anos desde de
que conheci a série já gosto de a ver. Não pela personagem principal, que não
me diz muito, valha a verdade, mas antes por duas personagens em particular e
pela relação que todas estabelecem entre si. É o eterno dilema entre homens e
mulheres, relações, sentimentos, blá, blá, blá, e em alguma altura da série,
alguém vê a sua própria história a ser retratada na vida de qualquer uma das
personagens. Mas também não é por isso que a vejo. Gosto do cenário de cidade
de Nova Iorque, uma cidade cosmopolita e a vida dos seus habitantes é bem
retratada aqui, seja em bares, restaurantes, festas em casa, o estilo de vida corriqueiro
ou simplesmente a paixão que os nova iorquinos têm por lá viverem. Impagável
para mim, nesta série, são as personagens Miranda Hobbes e Samantha Jones.
A
Miranda sendo uma advogada cínica, independente, que não acredita em quase nada
e que acaba sempre por lhe acontecer as situações mais inusitadas possíveis
alinha na perfeição com a Samantha, uma versão feminina da líbido masculina.
Como dizer isto? Uma mulher independente sem medo da sua sexualidade cujo
objectivo é divertir-se e poder fazer sexo com quantos homens ou mulheres
quiser sem ter que dar justificações a ninguém. É uma personagem que diz o que
pensa seja na frente a um travesti ou a uma freira, em qualquer lugar, sem se
importar com o julgamento que fazem de si.
Estas duas personagens contrastam com
a aborrecida Charlotte York e com a melodramática Carrie Bradshaw, a figura
principal. No entanto é nesta figura que as amigas estão centradas
desenvolvendo relações diferentes entre si mas com uma dinâmica muito interessante
quando todas se juntam seja para um brunch ou uma saída a uma qualquer inauguração.
Para quem nunca ligou muito, como eu até há alguns meses, a esta série, vale a
pena dar a oportunidade, se nos concentrarmos nestes pontos fortes e nestas
duas personagens sui generis.
Apesar de ser uma série light é até bastante“entertaining” e
consegue-nos arrancar umas boas gargalhadas se conseguirmos ultrapassar a
obsessão dos sapatos da Carrie ou a coluna um tanto ou quanto medíocre que
escreve. De pasmar neste universo feminino, apesar de baseado numa personagem
real, Candace Bushnell, as mesmas iniciais de Carrie Bradshaw, é que foi
maioritariamente escrito por um espécime do sexo oposto. E não é que o autor
percebe mesmo disto? Ver a série não implica ver o filme! Eu atrevi-me a ver o
primeiro e só não vomitei na sala do cinema porque parecia mal…é que é tão mau,
tão mau que não há palavras para descrevê-lo. O desfile de marcas que se
publicitam, os diálogos medíocres e o enredo tão pobre são de fugir aos gritos.
Claro que ver a parte 2 ficou completamente fora de questão. Mas quanto à
série, até que num daqueles dias em que não nos apetece pensar em nada…
CNL
CNL
Sem comentários:
Enviar um comentário