sexta-feira, 30 de março de 2012

A Dama de Ferro- um filme morno



A Dama de Ferro
Incontornável a interpretação brilhante de Meryl Streep. Concordando com a crítica generalizada, a atriz fez mais do que interpretar o papel de MT, tendo-se tornado na própria, com todos os  trejeitos e modos peculiares da original.
Quanto à realização fiquei desapontada.
A cena inicial prometia com uma MT envelhecida, irreconhecível sem o cabelo de outrora, cristalizado em armadura de laca, antes coberto por um lenço, numa loja de conveniência a comprar um “pint” de leite. Esta MT surpreende o espectador, despojada de toda a grandeza e poder do passado, irreconhecível pelos seus concidadãos, invisível, quase destratada.
Contudo a primeira hora do filme é passada pelo espectador na expectativa de que o filme finalmente arranque e venha a concentrar-se num dos frequentes flash-backs que o caracterizam, mostrando em pormenor a grandeza da MT do passado. Em vez disso insiste nas alucinações algo nonsense que parecem assombrar a protagonista no presente dando conta de um processo de degeneração física e mental que afecta a personagem no presente e de que o espectador rapidamente se apercebe sem ter que levar mais e mais do mesmo.
Esperava um pouco mais de coragem, da realizadora Phyllida Lloyd, uma versão mais pessoal  da personagem, a escolha de um dos lados da controversa personagem ainda que sujeita a críticas. É minha opinião que devia ter arriscado mais em vez de se limitar a passar imagens dos dois eventos icónicos do mandato de 11 anos de MT, a saber o conflito pelas ilhas Falkland que opôs Inglaterra e Argentina e o conflito interno que dividiu a Inglaterra com os sindicatos a fazer parar o País. Faz ainda breve referência à entrada na UE que quase passa despercebida.
Muito havia para explorar, e muito ficou por contar. Quem foi realmente (ainda que num mero filme) aquela mulher que singrou num mundo de homens, naquela época e naquele país, chegando a primeiro ministro? Que batalhas internas travou, a que esquemas se teve de sujeitar para atingir aquela posição? Terá esta mulher alguma vez tido algum insight do que é governar um país ou ter-se-há limitado a aplicar princípios de contabilidade doméstica ao governo do país, exprimindo posições de força por mero princípio, sem quaisquer preocupações com as consequências?
No fim o espectador apercebe-se que MT foi obrigada a retirar-se, “atraiçoada” pelos seus, ficando o sentimento de que aquela  falhou em compreender os meandros da política apesar de ter estado no poder  mais de uma década.
Não consegui ligar-me à personagem, nem amei, nem odiei.
Filme a ver apenas pela interpretação brilhante de Meryl Streep.

CSL

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