Às vezes a passar na secção dos dvds ou à saída das caixas
nos hipermercados ou em lojas como a Worten, existem umas cestas gigantes com
DVDs ao preço da chuva, geralmente a 1 ou 2 €, ou melhor, 1,90€! Aproveito
sempre para me embrenhar na pilha gigante que os funcionários da loja
geralmente não têm pachorra para arrumar e decido coscuvilhar até ao fundo (tal
qual desenho animado que atira para trás das costas o que não interessa e
continua a esburacar) pois acabo sempre por encontrar algum filme ou série que
não vi ou já vi e não tenho na minha colecção. Desta vez encontrei uma série
que ainda não conhecia e tive de construir pilhas de DVD´s à minha volta no
chão para conseguir encontrar todos os volumes que compunham a mesma. Ficou tudo
pela módica quantia de 7 euros! Decidi trazê-la por dois motivos, sempre gostei
da história do Robinson Crusoe e do Sexta-Feira (o livro do Daniel Defoe faz
parte do meu imaginário infantil) e pela participação do português, Joaquim de
Almeida! Não é uma série extraordinária, é talvez até algo infanto-juvenil mas
está bem feita, bem conseguida em termos de realização, história e imagem. É
sempre bom ver um português no panorama televisivo internacional mas os papéis
do Joaquim de Almeida nunca variam muito, quase sempre é o mau da fita. Ou é o
seu mau ar ou o seu ar latino, ou o seu mau inglês…não sei, mais uma vez
Joaquim interpreta um espanhol, que desta vez não é um barão da droga
traficante ou assassino mas antes um corrupto capitão de um galeão espanhol que
virou uma espécie de pirata. No centro da acção temos Robinson Crusoe,
interpretado por Philip Winchester, que fica preso numa ilha paradisíaca durante
cerca de 28 anos e que consegue preservar a sua sanidade mental através da amizade
com um “selvagem” a quem dá o nome de Sexta-feira e do desejo de regressar para
junto da sua mulher e para a Inglaterra que sempre conheceu. Na ilha vai enfrentar
perigos e viver aventuras que nunca imaginara ao mesmo tempo que tem flashbacks
sobre a sua vida passada e se apercebe que foi atraiçoado pelo seu “padrinho”,
interpretado por Sam Neil. A acção divide-se entre a ilha e o passado de Crusoe
na civilização. O livro sobre Robinson Crusoe foi escrito em 1719 mas a série
apresenta um upgrade na questão dos problemas raciais. De mencionar ainda a
presença da actriz Mia Maestro no elenco e de ter sido exibido na cadeia de
televisão Fox History, nos EUA. Poderá ser uma série aparentemente juvenil mas vê-se bem, ao
contrário de outras para adultos em que já não podemos dizer o mesmo… Pure
entertainement, talvez para um sábado de manhã!
A cadeia de TV, HBO prepara uma nova série sobre o mundo
televisivo a estrear a 24 de Junho deste ano nos EUA. Da autoria de Aaron
Sorkin, o argumentista de filmes como “A Rede Social”, “Uma questão de Honra” ou
mais recentemente “Moneyball” e até de séries como “The West Wing- Os homens do
Presidente” chega-nos a série “The Newsroom”- uma viagem pelo outro lado das
câmaras, dos repórteres televisivos e das estações de televisão. De volta aos écrans
estão nomes como Jeff Daniels, que há muito andava desaparecido e até Emily
Mortimer e Jane Fonda. A série promete criar algum reboliço e discussão nos
media e entre adeptos e não adeptos de Sorkin, numa altura em que a informação
televisiva e a informação da internet estão em discussão aberta pela
credibilidade de informação. A série promete ser mais realista do que The West
Wing e os personagens menos “bonzinhos” que os da Casa Branca. O trailer foi apresentado
nos EUA aproveitando a exibição da 2ª temporada da “Guerra dos Tronos” e já suscita
criticas e expectativas por parte da crítica e dos fans.
Por muito que seja fã do Skeet Ulrich devido à série Jericho, e apesar da minha curiosidade por esta
série ter sido centrada nele, o facto é que não chegou para que me prendesse a
atenção. Cheguei com muito esforço ao episódio 5 mas foi penoso. O conceito
parecia ser interessante, uma investigação dos chamados “milagres” por parte da
Igreja católica sempre com uma explicação lógica ao mesmo tempo que fenómenos
espirituais inexplicáveis ocupariam a parte mística da série. Não foi conseguido,
chegou muitas vezes até a ser aborrecido de ver. O Skeet Ulrich não convenceu
com uma interpretação algo”detached” e muito menos conveceram os outros dois
actores que lhe seguem, Angus Mcfayden (de quem a bem da verdade, nunca gostei)
e de Marisa Ramirez, muito fraquinha (apenas credível na série Spartacus, como
Mellita). Faz lembrar um pouco o Skeet no papel da Scully e o Angus como Fox
Mulder (X Files-Ficheiros secretos). Mas a série era outra e era boa, o que não
é o caso de Miracles.
A história gira à volta de Paul Callan (Skeet) um
investigador de “milagres” descrente, ao serviço da Igreja Católica, que perdeu
a Fé e que encontra sempre a explicação racional sobre os chamados fenómenos
religiosos. Após um tempo de afastamento do trabalho a conselho do seu mentor,
Paul inicia uma nova investigação que o levará a um acidente automóvel grave em
que será salvo por um milagre. A sua Fé regressa e este tenta encontrar
novamente o seu caminho dentro da Igreja mas, após ver que não há espaço para as
suas teorias, é convidado por um estranho, Alva Keel (Angus) para fazer parte
da sua organização “Sodalitas Quaerito”(quem é que se lembra de dar este nome a
uma organização?) para investigar este tipo de fenómenos. Como fio condutor dos
episódios surge uma frase, trazida por vários dos “intervenientes pontuais
paranormais” mas escrita de maneiras diferentes. Esta frase cria no
protagonista uma verdadeira dicotomia pela procura da verdade religiosa. Será esta frase: “God is Now here”
ou “God is Nowhere”? Algo boring, os episódios passam e a série não
arranca de maneira nenhuma, estamos sempre a penar à espera para ver se é desta
que Skeet Ulrich volta à ribalta mas…não chega lá!
Poderia ter sido uma boa série mas não passou da intenção.
De há uns anos para cá comecei a gostar de musicais e,
apesar de ser uma série de, e para adolescentes , ou pelo menos a focar esse
universo, gosto de ver a série Glee. Acompanho-a desde a primeira temporada e
assisti-la é a certeza de uma hora bem passada com música e algumas
gargalhadas, é quase como poder ver um musical da Broadway( à distância, claro…)!
É uma série bem conseguida com todos os ingredientes para o sucesso. As
personagens são totalmente estereotipadas e por vezes ridiculamente absurdas,
mas em bom! As histórias também roçam o incredível com um toque de comédia
nonsense que lhe dá um sabor especial. É puro entretenimento sem qualquer pretensão,
com enfoque nas performing arts de canto e dança. Indiscutível o talento dos
actores, bailarinos e coreógrafos bem como a excelente escolha de temas para o
que se pretende. Resulta sempre muito bem. Faz lembrar um pouco o dia-a-dia de
uma qualquer escola de artes de Nova Iorque onde os alunos cantam, dançam,
actuam e estudam, com o senão de que tudo se passa num liceu comum americano do
interior, McKinley High, com todos os seus defeitos e virtudes. Nesta temporada
3, para quem gosta de seguir a personagem de Sue Sylvester, como eu, de certeza
também já reparou que esta tem vindo a perder um pouco de protagonismo, seja
devido à entrada de Nene Leaks( quem não se lembra dela no “Celebrity Aprentice”
quase saltar por cima da mesa do Donald Trump para atacar a apresentadora Star
Jones? Hilariante!), ou devido ao repentino “change of heart” da personagem,
uma alteração que lhe tem custado o protagonismo de vilã, que muitas
gargalhadas nos consegue arrancar. A história do Finn e da Rachel já não traz
nada de novo, assim como a de Mr. Shue e a sua maníaco-compulsiva namorada, mas
a relação de Kurt e Blaine assim como de Brittany e Santana tem vindo a
surpreender. De aplaudir a série pela coragem em assumir a existência de
relacionamentos gay entre adolescentes e as duplas dificuldades que enfrentam
num liceu com uma hierarquia social típica americana. Não esquecer ainda o original
casting realizado para a escolha de actores e pela opção em não encher a série
com “caras bonitas”. Aqui o talento é recompensado sobre a imagem e a moral a
tirar da série Glee é mesmo essa, a diversidade e a quebra de preconceitos a
todos os níveis, sejam eles raciais, sexuais, religiosos, físicos, etc. A
brincar, a brincar falam-se de temas sérios e reais entre actuações musicais
dignas de um qualquer musical nova iorquino! A seguir!
Esta temporada 3 tem uma interrupção de 2 semanas ao episódio 14 devido às gravações nos EUA.
Chegou finalmente a tão esperada temporada 2 da Guerra dos Tronos. Amanhã estreia nos EUA na cadeia de televisão HBO, que vai dedicar toda a programação do dia a esta fantástica série. Em Portugal resta saber, como sempre, para quando está prevista a sua exibição e em que canal, talvez no Scy-Fy.
Recentemente comecei a seguir a série Hawthorne, a minha
curiosidade de a ver foi devido à presença da Jada Pinkett Smith, mulher do
Will Smith, não só como actriz mas também como produtora executiva. Vou no 4º episódio e até agora todos os
argumentistas foram diferentes. O primeiro episódio que ressalvo dos outros
todos, foi escrito pelo Glen Mazarra, o mesmo argumentista do Walking Dead, e
que me merece sempre o melhor dos elogios. Foi um bom presságio para um selo de
qualidade garantida, no entanto os argumentistas mudam consoante o episódio,
portanto nunca se sabe o que vai acontecer em termos de argumento. Não sei bem
o que dizer sobre esta série. As interpretações são boas, a realização é boa
mas a história não traz nada de novo. Andamos à volta da vida de uma enfermeira
chefe, Christina Hawthorne (Jada Pinkett Smith), viúva e mãe de uma
adolescente, que se vê obrigada a retomar o seu trabalho num hospital público
com historial de mau atendimento. Hawthorne apresenta-se quase sempre como a
advogada dos pacientes que entram nas urgências perante uma comissão administrativa
do hospital complicada e da sua maior dor de cabeça, a outra enfermeira chefe
com quem tem de partilhar a direcção da enfermagem. Por outro lado, na sua vida
pessoal, as coisas também não são fáceis, com a dificuldade que Christina tem
em entregar-se à sua nova paixão, o chefe de cirurgia do hospital James River,
devido à perda do marido 2 anos antes. A série tem uma fórmula já um pouco
gasta e não vem acrescentar nada perante séries que envolvem hospitais como ER,
Anatomia de Grey, scrubs, etc. Não menciono o House pois, para mim, esta série
apesar de ser passada num hospital, joga noutra liga! A série nem aquece nem
arrefece. Não nos faz querer esperar por mais, não cria qualquer tipo de emoção
e as personagens já foram vistas noutras séries, ou seja, não se destacam por
nada em especial. No entanto, não se pode dizer que é uma má série pois está
bem realizada, tem boas performances e o argumento não é mau de todo. O
problema é mesmo ser mais do mesmo! Boring….Ainda assim este tipo de séries
parece sempre cativar o público, pelo menos nos EUA foi até à 3ª temporada,
apenas encerrada recentemente devido aos rumores da vida pessoal da
protagonista com Marc Anthony, o que originou má imprensa para a actriz e consequentemente
para série que produz e protagoniza.
Estreou no início deste ano nos EUA uma nova série que promete ter todos os ingredientes para ser uma boa série, tendo o seu episódio de estreia atingido um "módico número" de 10 milhões de espectadores!. Chama-se Alcatraz e vem do produtor J.J. Abrams! Este criador, realizador e produtor de séries como Alias(a Vingadora), Lost, Fringe, ou mais recentemente de filmes como Star Trek e Super 8 apresenta mais uma série de ficção com universos paralelos e muita acção. Para quem ainda não ouviu falar, fica aqui o trailer para despertar as curiosidades!
Incontornável a interpretação brilhante de Meryl Streep. Concordando com a crítica generalizada, a atriz fez mais do que interpretar o papel de MT, tendo-se tornado na própria, com todos os trejeitos e modos peculiares da original.
Quanto à realização fiquei desapontada.
A cena inicial prometia com uma MT envelhecida, irreconhecível sem o cabelo de outrora, cristalizado em armadura de laca, antes coberto por um lenço, numa loja de conveniência a comprar um “pint” de leite. Esta MT surpreende o espectador, despojada de toda a grandeza e poder do passado, irreconhecível pelos seus concidadãos, invisível, quase destratada.
Contudo a primeira hora do filme é passada pelo espectador na expectativa de que o filme finalmente arranque e venha a concentrar-se num dos frequentes flash-backs que o caracterizam, mostrando em pormenor a grandeza da MT do passado. Em vez disso insiste nas alucinações algo nonsense que parecem assombrar a protagonista no presente dando conta de um processo de degeneração física e mental que afecta a personagem no presente e de que o espectador rapidamente se apercebe sem ter que levar mais e mais do mesmo.
Esperava um pouco mais de coragem, da realizadora Phyllida Lloyd, uma versão mais pessoal da personagem, a escolha de um dos lados da controversa personagem ainda que sujeita a críticas. É minha opinião que devia ter arriscado mais em vez de se limitar a passar imagens dos dois eventos icónicos do mandato de 11 anos de MT, a saber o conflito pelas ilhas Falkland que opôs Inglaterra e Argentina e o conflito interno que dividiu a Inglaterra com os sindicatos a fazer parar o País. Faz ainda breve referência à entrada na UE que quase passa despercebida.
Muito havia para explorar, e muito ficou por contar. Quem foi realmente (ainda que num mero filme) aquela mulher que singrou num mundo de homens, naquela época e naquele país, chegando a primeiro ministro? Que batalhas internas travou, a que esquemas se teve de sujeitar para atingir aquela posição? Terá esta mulher alguma vez tido algum insight do que é governar um país ou ter-se-há limitado a aplicar princípios de contabilidade doméstica ao governo do país, exprimindo posições de força por mero princípio, sem quaisquer preocupações com as consequências?
No fim o espectador apercebe-se que MT foi obrigada a retirar-se, “atraiçoada” pelos seus, ficando o sentimento de que aquela falhou em compreender os meandros da política apesar de ter estado no poder mais de uma década.
Não consegui ligar-me à personagem, nem amei, nem odiei.
Filme a ver apenas pela interpretação brilhante de Meryl Streep.
Missing conta a história de uma mãe, anterior agente secreta
da CIA, supostamente a melhor do ramo à data, cujo marido também agente, foi
assassinado 10 anos antes numa explosão de bomba colocada no automóvel
deste.
Após o assassinato do marido a agente retira-se para uma
vida de american housewife para criar o filho longe das tropelias da vida de
agente, contudo…
Quando o filho atinge a maioridade e decide partir para
Roma, para estudar arquitectura, é raptado. A ex-agente viaja até à Europa
disposta a encontrar o filho. É aqui que começa a história da série e também o
aborrecimento do espectador.
O que não convence: a protagonista que, não obstante o
afastamento das lides de agente secreta há cerca de 10 anos, é uma máquina a
lutar e a desviar-se de balas. Tem contactos em todo o mundo que a ajudam com
alojamento, ferimentos de balas, arrombamentos, etc. Tem ainda uma pouco
convincente ligação amorosa, pelos vistos ainda por resolver, deixada em stand
by. O pior de tudo, são as escolhas da personagem que fazem o espectador
duvidar da formação da mulher enquanto agente secreta, mesmo com a
desculpa do instinto maternal a toldar-lhe o juízo.
Custa ver a Ashley Judd, convincente heroína de acção numa
época em que ainda não existiam Laras Crofts e que trouxe mais às heroínas
cinematográficas do que os tradicionais gritos à pendura no braço do
protagonista masculino, num papel tão fraquinho…
Não tive pachorra para chegar ao fim do 2º
episódio…
Ontem fui ver este filme. Não li os livros da Triologia da Suzanne Collins e, talvez por isso, tenha saído da sala de cinema com a sensação que “there is more to it”, do que aquilo que se viu. O filme tentou condensar possivelmente uma história que de certeza tem muitos mais a acrescentar do que pouco mais de 2 horas numa sala de cinema. Os pormenores deixados de fora, e talvez uma narrativa menos rápida, teriam enriquecido mais a história. Por vezes os pormenores fazem a diferença mas também é entendível que condensar um livro num filme vai levar sempre a perdas importantes, contrariamente ao que a narrativa literária proporciona. Pontos fortes da história que passaram para o espectador: uma sociedade pós apocalíptica passada na Antiga América do Norte conhecida agora como Panem, em que os valores foram totalmente deturpados e perdidos, um jogo sanguinário que faz as delícias do povo tal qual antiga arena romana, um programa de televisão em formato reality show, ao estilo Big Brother, líder de audiências onde a sobrevivência de uma criança é o instinto mais básico e mais aplaudido, uma comunidade mineira orgulhosa com uma história de revolta e, no centro da acção, uma rapariga comum com gosto pela caça e dividida entre dois rapazes, um amor de juventude e um amor que cresce por necessidade de sobrevivência.
Pontos fracos da narrativa que a meu ver se perderam devido ao pouco tempo que um filme exige face a um livro: a rápida e parca explicação sobre a história da formação daquela sociedade, a fraca explicação dos distritos que compõe a mesma, a origem e justificação pouco convincente para a existência dos “Jogos da fome”, a quase nula explicação da história de vida da protagonista e da sua relação com o primeiro amor e a rapidez de acção dedicada ao “jogo” em si, que na realidade dura 2 semanas.
Condensar toda esta informação num filme seria bastante difícil, talvez por isso a história do The Hunger Games fosse melhor retratado em série do que em filme. Quem sabe se no futuro isso não acontecerá, não seria a primeira vez.
Outra coisa que não deixa de ser interessante neste filme é o guarda-roupa e a forma como os habitantes do Capitol, a capital, se apresentam, quase como figuras retiradas de um quadro do renascimento com trejeitos que remetem para a banda desenhada.
Ponto alto para mim: o poder do “close up” televisivo após uma cena dramática de um funeral improvisado e de um sinal entendido por uma comunidade oprimida com o orgulho escondido.
O final do jogo para a protagonista, a remeter para o clássico Romeu e Julieta, é um pouco previsível mas fica no ar a necessidade de uma conclusão, deixando assim o caminho livre para um segundo filme.
Vale a pena ver do ponto de vista de entretenimento pois contém todos os ingredientes para um bom filme: um vilão, uma multidão em fúria, uma heroína, um amor complicado e muita acção e sangue.
Se há filmes que me irritam são aqueles em que os
animaizinhos falam! Não há paciência. Os típicos filmezinhos de Domingo da
televisão portuguesa que geralmente passam à tarde pela altura do Natal, da
Páscoa, das férias, whatever, em qualquer ocasião em que o responsável pela
programação tem uma diarreia mental! Por isso a série que hoje falo remeteu-me
para o pior dos meus pesadelos. Chama-se Wilfred e eu juro que tentei
ultrapassar o meu preconceito ao tentar ver 4 episódios, para não ser considerada“intransigente”.
Não aguentei mais. É mau de mais para ser verdade. E o pior é que fui “enganada”
pela presença do Frodo do “Senhor dos anéis”, eu que até pensei que o rapaz
fazia coisas de qualidade. Desta vez o Elijah wood não é um Hobbit mas sim um
advogado falhado e neurótico que tenta o suicídio infrutiferamente, com uma
irmã com sérios problemas de… ela lá deve saber…. e que encontra num “suposto
cão” um companheiro de luta para enfrentar os seus piores medos e receios dando
um novo valor à vida. O “suposto cão” é na verdade um homem australiano vestido
com um fato de fantasia fatela de carnaval de “cão”! Mas só o protagonista é
que o vê assim. O resto das pessoas, incluindo a boazona da vizinha, que até é
a sua verdadeira dona, o vêem realmente como, um cão! Se já é mau ver aqueles
filmes em que os animais mexem a boca e saem vozes de humanos, imaginem um
humano vestido de cão a fazer-se passar realmente por um… Pior de tudo, os
argumentistas, que valha a verdade nem me dei ao trabalho de ver se era um ou
vários, devem ter achado que seria pseudo-fora-intelectual-moca-extravagante-radical
que o “suposto cão” se andasse sempre a drogar, fosse com marijuana enrolada ou
em cachimbos de água e com uma linguagem de
lenhador-taberneiro-pervertido-maleducado com alguma tentativa de ser engraçado
mas fazendo pena a quem está a assistir, tal é o cliché mal feito dos “foritas”
que fumam ganzas e são super xico-espertos como se não houvesse amanhã. Devem-se
ter inspirado num certo coelho de há uns anos, com o mesmo tipo de
indumentária, que perseguia o esquizofrénico Jake Gyllenhaal com visões
terroríficas e catastróficas do fim do mundo… Ah pois ,era o Donnie Darko, um
filme que foi considerado de culto e que quem não gosta geralmente é apontado
como ignorante ou com fraca percepção da profundidade intectual do filme!
Enfim, evitem a série não vos vá matar alguns neurónios…a mim comeu-me pelo
menos 4, que não vão voltar a nascer! Nunca o botão de “delete“ na box me soube
tão bem…e daí…
Ontem decidi ver um filme do qual nunca ouvira falar! O que
não deixa de ser estranho o facto de ter-me passado ao lado, uma vez que o
realizador é Ron Howard, de quem eu sou fã! Para quem não estiver recordado foi
ele o responsável por filmes como “Cocoon”,
“Splash –a Sereia”,“Horizonte Longínquo”, “Apollo 13”, “ED TV”, “Uma mente
brilhante”, entre muitos outros oriundos de uma filmografia invejável. Mas o filme
sobre o qual me debruço é o magnífico “Frost/Nixon”, uma história verídica,
desconhecida para mim, que envolve David Frost, um apresentador de televisão britânico
que, após o caso Watergate, decide ser o primeiro entrevistador a Richard
Nixon, logo após este ter abandonado a Presidência em favor do General Ford.
Para mim o filme é de um interesse fora de série pois toca em pontos da área do
jornalismo televisivo ainda bastante actuais se o analisarmos à luz dos dias de
hoje. Por um lado está David Frost , o apresentador que enfrenta variadíssimos problemas
como a luta pela sua credibilização como entrevistador que nunca fez informação,
a aprovação das estações americanas em transmitir a polémica entrevista numa
altura em que a América está fragilizada pelo escândalo que envolveu a
presidência e, consequente, com o perdão de Ford a Nixon, a luta interna com a
equipa de investigação que prepara esta histórica entrevista de 12 dias e a procura
desenfreada de Frost por patrocinadores que sustentem a envergadura televisiva de
quase 2 milhões que se propôs a realizar. Do outro lado temos um Presidente controverso
que procura um regresso ao poder, com uma excelente capacidade de persuasão discursiva
que se apresenta como um estadista simpático e inteligente e que aceita o
desafio de Frost pela quantia que lhe é paga. Entre estes dois personagens que
buscam ambos novamente o protagonismo nas luzes da ribalta de uma América de
sonho, trava-se uma luta perante as câmaras de televisão entre um apresentador
que começa por ser totalmente abafado por Nixon, um perito em duelos políticos
que faz de Frost um joguete. A acção culmina com um twist no último dia de
entrevistas após uma indiscrição telefónica do Presidente a Frost, devido a uma
fraqueza que este tinha pela bebida. Um filme que mostra os meandros da
televisão e dos interesses económicos, conjugados com os interesses pelo poder
político e a força da opinião pública. Neste filme assistimos ao poder que o
chamado “plano apertado” em televisão já possuía em 1974 e que marcará para sempre
a imagem de Nixon nos anais da História.
De ressalvar as interpretações brilhantes dos actores Frank
Langella como Richard Nixon, Kevin Bacon como Jack Brennan e Michael Sheen como
David Frost. O elenco conta ainda com nomes bastante conhecidos do grande
público e o filme recebeu inúmeras nomeações nas categorias de melhor Filme,
melhor actor ou até melhor realizador, entre outros, em prémios como os Globos
de Ouro, o American´s Guild Awards ou mesmo os Óscares.
Para quem gosta do mundo da televisão é um filme a não
perder!